sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Chovia






Chovia quando meu olhar cruzou com o teu
e os meus lábios encontraram
tua suavidade

Chovia quando as palavras represadas
durante longa viagem
jorraram dos nossos silêncios

Chovia quando
os pássaros metálicos
saudavam o sono que não vinha
E em lugar dos sonhos
não havia nenhum canto...
Só o som de medo e da dor
das chegadas e partidas.

Chovia quando tuas asas se abriram sobre mim...
E por trás da cortina,
a lua escorregou de mansinho, curiosa,
para espiar na janela
o meu corpo sob o teu

Chovia ainda quando tua voz
sussurrou em minhas narinas
teu jeito de céu

Não era hora para aquele sim...
Não era hora para a lágrima que ensaiou cair...
Não era hora para a ternura que teimou em se fazer ouvir
porque chovia,
como chove agora dentro de mim...

Era só hora do gosto da sua pele
que ainda está em minhas mãos
e porque chovia
hoje precisei deixar brotar mais uma canção

Acho que perder você me fez morrer um pouco...