terça-feira, 23 de outubro de 2007

Vendedor de sonhos










Um dia ele chegou com a mala cheia de palavras,
abriu-a
Sabia poemas e canções
Morava em nuvens de concreto cinza
Navegava em mares de prata
e a lua lhe fazia companhia

Mergulhava em meus olhos
Com escafandro de poesia
Era confuso e terno
Chamava-me de senhorita
Convidava-me pra ficar
e assistir a mais um luar

Um dia ele veio
com sua pele macia
e com seu cheiro de estrela
E num abraço suave
roubou tudo o que eu sentia

Sua voz me trazia
os sonhos que sem pudor me vendia
Comprei todos eles
Queria retê-los,
mas eu não podia

Um dia ele partiu
Levou meus sorrisos,
meus olhares, minhas fantasias
Deixou sua marca
e nem imagina que falta me faz.

E agora me perco
Com passos insanos
Vagando entre sombras
Perdida no tempo
Sem sonhos e sem paz.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Ocaso

Foto de Aurélio Crespo...



Ocaso


Trouxeste-me uma estrela?
Ela ainda está em tuas mãos...

Cuidado! Guarda entre teus dedos alguns raios
para iluminar nossos caminhos...
porque a estrela tem pressa
Seu brilho é fugidio
Ela vai desaparecer rápido
Pois precisa mergulhar no imenso vazio...

Antes da fuga
Ela se transformará em lâmina breve
dividindo a noite e o dia

Na guilhotina de matizes intensos
Alguns sonhos vão morrer
Outros vão se perder na escuridão
Apenas uma certeza: os mais doces ficarão

Então...guarda um pouco do vento
E dos fios de luz que enfeitaram os cabelos
Guarda um pouco do calor
de nossos momentos
e um pouco do tempo
de nosso sorrisos...

Guarda em tuas mãos a poesia
Faz de conta que é por acaso...
Convida a estrela,
antes que ela leve as cores do dia,
para dançar mais uma vez
antes do ocaso