terça-feira, 23 de outubro de 2007

Vendedor de sonhos










Um dia ele chegou com a mala cheia de palavras,
abriu-a
Sabia poemas e canções
Morava em nuvens de concreto cinza
Navegava em mares de prata
e a lua lhe fazia companhia

Mergulhava em meus olhos
Com escafandro de poesia
Era confuso e terno
Chamava-me de senhorita
Convidava-me pra ficar
e assistir a mais um luar

Um dia ele veio
com sua pele macia
e com seu cheiro de estrela
E num abraço suave
roubou tudo o que eu sentia

Sua voz me trazia
os sonhos que sem pudor me vendia
Comprei todos eles
Queria retê-los,
mas eu não podia

Um dia ele partiu
Levou meus sorrisos,
meus olhares, minhas fantasias
Deixou sua marca
e nem imagina que falta me faz.

E agora me perco
Com passos insanos
Vagando entre sombras
Perdida no tempo
Sem sonhos e sem paz.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bonito... Por vezes os sonhos que nos vendem transformam-se em pesadelos...

Anônimo disse...

Que dom de transformar situações corriqueiras em poesia, muita sensibilidade, fiquei com um nó na garganta.